Nesta seção estaremos apresentando
periodicamente casos clínicos e artigos da área de
micologia médica.
› Ocorrência de Aspergillus
sp em pacientes com sinusite crônica
› Feohifomicose subcutânea
›
Esporotricose
› Nocardiose disseminada
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Feohifomicose subcutânea
diagnosticada por histopatologia
Rêgo, R.S.M1; Magalhães,
K1; Melo, F2 ; Sales, E.C.3; Silveira, N.S.S4 .
Laboratório Diva Montenegro – LAPAC1; Universidade
de Pernambuco – UPE2; Universidade Federal de Pernambuco –
UFPE3; Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE4
Feohifomicose (FHM) caracteriza um grupo de infecções
causadas por fungos da família Dematiaceae, saprofíticos
do solo, vegetais em decomposição e que, em parasitismo,
apresentam grande variedade morfológica. A FHM subcutânea,
forma clínica mais comum, manifesta-se como lesões
nodulares, verrucosas ou císticas, adquirida por implantação
traumática, ocorrendo em pacientes imunodeprimidos ou não.
Materiais e métodos
Relatamos 3 casos de FHM
cística, diagnosticados por histopatologia após extirpação
cirúrgica das lesões.
•Caso 1 –
C.M.M.S., Fem., 39 anos, urbana, um ano após traumatismo
pérfuro-cortante em dorso da mão direita, apresentou
lesão papulosa dolorosa com 0,8 x 0,6 x 0,6 cm, bem delimitada
e com superfície lisa.
• Caso 2 – A.E.S.,
Masc., 45 anos, transplantado renal, desenvolveu lesão nódulo-cística
em cotovelo direito, com um ano de evolução, sem sinais
flogísticos medindo aproximadamente 7,0 x 5,5 x 2,0 cm, não
aderida a planos profundos e assintomática (Figura 1).
Figura 1 –
Tumoração do cotovelo (A, B). Superfície de
corte mostrando múltiplas cavidades ocupadas por material
semi-líquido, ao lado de áreas sólidas (C).
• Caso 3
– E.M., Masc., 29 anos, transplantado
renal, desenvolveu em 6 meses, abscesso ulcerado em coxa direita,
eliminando secreção purulenta e medindo 11,0 x 9,5
x 3,0 cm.
Resultados
A análise histopatológica,
utilizando a coloração hematoxilina-eosina, em todos
os casos estudados, demonstrou a presença de cistos dérmicos
marginados por processo inflamatório granulomatoso, constituído
por células gigantes e epitelióides, bem como neutrófilos
e, às vezes, eosinófilos.
Presença de elementos leveduriformes, alguns em brotamento,
isolados ou catenulados (Figura 2); hifas curtas e alongadas, ocre
ou marrom claras, septadas, algumas com dilatações,
conferindo aspecto torulóide (Figura 3).
Figura 2 – Corte histológico
mostrando elementos leveduriformes demácios, alguns em brotamento
e isolados em meio a material necrótico
(A) Hematoxilina-eosina 400 X. Estruturas leveduriformes catenuladas
rodeadas por células gigantes multinucleadas e células
linfo-histiócitárias (B,C) Hematoxilina-eosina 400
X.
Figura 3 – Corte histológico
mostrando tecido fibroso da parede do cisto com reação
inflamatória à presença de hifas curtas ou
alongadas marrons (A) Hematoxilina-eosina 400 X. Presença
de células leveduriformes de aspecto torulóide, algumas
degeneradas, envolvidas por infiltrado inflamatório misto
(B,C) Hematoxilina-eosina 400 X.
Foram visualizadas também
formas arredondadas amarronzadas com parede celular espessa, possuindo
um único septo (Figura 4).
Figura 4 – Corte histológico
apresentando formas arredondadas amarronzadas possuindo um único
septo no interior de células gigantes (A) e envolvidas por
infiltrado inflamatório (B). Microabscesso constituído
por células gigantes e estruturas fúngicas demácias
(C). (A,B,C) Hematoxilina-eosina 400 X.
Conclusão
O diagnóstico da feohifomicose foi exclusivamente
histopatológico, pois em nenhum dos casos estudados houve
suspeita clínica da etiologia fúngica. A investigação
e identificação desse grupo de fungos são de
grande relevância, tendo em vista o importante papel desempenhado
como patógenos oportunistas, principalmente em pacientes
imunodeprimidos.
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