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para exame micológico
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Coleta de amostras clínicas
para exame micológico
A coleta dos espécimes clínicos é
a primeira etapa do diagnóstico laboratorial e deve ser feita
corretamente, sob pena de inutilizar todo o procedimento laboratorial
posterior, pois amostras coletadas inadequadamente podem redundar
em resultados falsos. Então, a positividade e segurança
de um exame direto dependem da obtenção de uma amostra
apropriada.
O paciente deve suspender o uso de qualquer medicamento antifúngico
oral por 20 (vinte) dias ou tópico por pelo menos 10 (dez)
dias precedentes a coleta.
É de suma importância ressaltar que todos os espécimes
clínicos encaminhados ao laboratório de micologia
médica devem vir acompanhados de uma ficha padrão,
contendo todos os dados clínicos e epidemiológicos
do paciente. Essa ficha deve conter, no mínimo, as seguintes
informações: identificação, origem,
residência, tempo de evolução da doença,
localização e aspectos clínicos da lesão,
possível contato com animais, uso de drogas antifúngicas
nos últimos 30 dias e suspeita clinica, quando informado
pelo médico.
Material necessário
• bisturi pequeno ou lâmina de bisturi;
• pinça de depilação;
• estiletes;
• tesouras;
• lâminas de microscopia;
• placas de Petri;
• frascos;
• tubos de ensaio com salina esterilizada;
• swabs;
• Fita adesiva – Scotch 3M.
1. PELE
No dia da coleta, o paciente pode e deve fazer
a higiene corporal normal. Não é permitido o uso de
cremes, loções, pomadas, ou outras substâncias
gordurosas, pois além de formarem artefatos dificultando
a detecção de estruturas fúngicas, impede o
isolamento dos fungos.
Após assepsia local com álcool a 70%, as amostras
de lesões de pele como escamas ou crostas, devem ser colhidas
preferencialmente com uma lâmina de bisturi descartável
ou com a borda da lâmina de vidro de microscopia, muito limpa;
deve-se colher, raspando em vários pontos da lesão,
procurando as bordas das lesões mais recentes onde o fungo
se encontra em crescimento ativo. Não é necessário
fazer raspagem profunda porque o fungo se encontra na camada mais
superficial da pele chamada córnea, e uma amostra úmida,
favorece o desenvolvimento de bactérias e fungos contaminantes.
Nos casos em que não há escamas aparentes, procura-se
raspar bem o local e apelar para a técnica da fita adesiva.
Nas lesões cutâneas com vesículas (bolhas pequenas)
e pústulas (bolhas pequenas inflamadas com pus) faz-se punção
com seringa e agulha ou pressiona-se com o swab, dispondo a amostra
em tubo contendo salina. O teto das vesículas (pele que cobre
as vesículas) deve ser retirado com pinça de depilação.
Se o paciente tiver “frieira” (lesão úmida)
entre os dedos das mãos ou pés, colher a amostra com
swab acondicionando em tubo com salina. Se a lesão for seca,
descamativa fazer duas lâminas com durex e tentar obter por
raspagem, em placa as escamas, usando lâmina de microscopia
ou bisturi.
Nas lesões inguinais, inguino-crurais ou axilares, como são
regiões de dobras, geralmente encontram-se úmidas,
fazendo-se necessária a assepsia com álcool a 70%.
Deixar a região secar um pouco e tentar raspar a pele. Colher
também em salina, e fazer duas lâminas com durex tentando
obter pêlos (raros) presos na fita. Na lesão anal e
perianal, além de colher a amostra na salina, fazer duas
lâminas com durex.
2. COURO CABELUDO
As amostras de lesões no couro cabeludo
devem ser obtidas através da raspagem do local. Raspam-se
as escamas com bisturi cego ou lâmina de microscopia. A amostra
deve conter tocos de cabelo, o conteúdo dos folículos
tapados e as escamas de pele. Os cabelos da área também
podem ser puxados com pinça (os cabelos infectados são
facilmente removíveis). Para o exame do couro cabeludo ou
dos cabelos, os mesmos devem estar limpos e secos.
3. CABELOS E PÊLOS
Se a lesão for ao longo do cabelo ou
pêlo, como nódulos, por exemplo, esses devem ser cortados
com tesoura e acondicionados em placas de Petri.
4. UNHAS
Para exame de escamas ungueais, deve-se retirar
totalmente o esmalte pelo menos 2 (dois) dias antes da coleta. As
regiões de onde vão ser coletadas as amostras devem
ser limpas com gaze ou algodão com álcool a 70%, para
eliminar contaminantes bacterianos superficiais.
Os fragmentos de unhas alteradas podem ser colhidos, raspando-os
com o bisturi ou com o auxílio de uma tesoura limpa. O material
que se deposita embaixo da unha pode ser retirado cuidadosamente
com o bisturi, com um palito (tipo de manicure), previamente esterilizado,
ou outro objeto pontiagudo estéril. Procurar penetrar bem
e colher sempre na região limite entre a parte saudável
e a afetada pelo fungo. Desprezar sempre as escamas mais externas
ou o material mais superficial, pois se encontram contaminados com
a poeira. Em casos de paroníquia (lesões na região
da cutícula), colhem-se as escamas e, se possível,
o pus, com um swab.
Se as lesões são manchas esbranquiçadas na
superfície da unha, raspar por cima com bisturi, removendo
as escamas em placa de Petri.
Unhas extraídas por processos cirúrgicos não
são adequadas ao exame micológico ou com resíduos
medicamentosos ou de esmalte são consideradas amostras inadequadas.
5. MEMBRANAS MUCOSAS
Para as infecções de boca ou vagina,
o raspado com lâmina de bisturi ou espátula, nas partes
afetadas (áreas com eritema e/ou placas brancas), é
melhor do que o swab, se o material for processado imediatamente.
No caso de coleta vulvar/vaginal, o swab (sempre embebido em salina
ou água estéril) é o mais adequado. Não
esquecer que o swab tem que ser mantido úmido até
ser processado o exame.
6. OUVIDO
As infecções fúngicas de
ouvido são geralmente secas, exceto quanto associadas a infecções
bacterianas.
A raspagem do material é sempre melhor para o diagnóstico
laboratorial, embora o swab também possa ser usado.
7. OLHO
Deve ser solicitado meio de cultura ao
laboratório e o material retirado das áreas de ulcerações
e supurações pelo oftalmologista deve ser inoculado
imediatamente no meio;
Lágrima e fluídos podem se coletados com pipeta plástica
estéril – chamada de pipeta Pasteur descartável
ou pipeta de transferência. O swab não é adequado
para este tipo de material.
8. AMOSTRAS SUBCUTÂNEAS
Pode ser raspado as escamas ou crostas da parte superficial da lesão.
Aspirado do pus e/ou biopsia, são mais apropriados para o
exame. O pus é coletado assepticamente de abscessos não
drenados com uma agulha estéril em seringa. Após a
coleta, retirar a agulha com uma pinça e passar o material
para um frasco estéril. Nas lesões ulceradas, caso
o material tenha que ser colhido com swab (o que não é
recomendado), deve ser retirado da parte mais profunda da lesão,
evitando encostar na periferia e na pele adjacente.
Se algum grão for visível no pus, este deve ser incluído
na amostra.
Notas Importantes
• Para todas as coletas descritas acima, colher todo o material
disponível na lesão. Quanto mais material mais viabilidade
na visualização e no crescimento em cultura.
• Todas as vezes que a coleta for com swab, este deve ser
umedecido em salina ou água estéril antes da coleta.
Após a coleta, deve permanecer em um frasco estéril
com salina suficiente para mantê-lo úmido até
o procedimento do exame.
9. URINA
O paciente deve suspender o uso de qualquer
medicamento antifúngico oral por 20 (vinte) dias. Abstinência
de água por 12h (doze horas).
Para uma coleta correta, o paciente deve fazer a higiene normal
com água e sabão e secar-se bem. A amostra deve ser
a primeira urina da manhã de jato médio, coletada
em recipiente estéril, devidamente identificado. Solicitar
três amostras de urina da manhã em dias diferentes.
As amostras de urina têm validade de até uma hora após
a coleta a temperatura ambiente, para serem processadas o mais rápido
possível.
As urinas de 24h (vinte e quatro horas) são inadequadas por
apresentarem um desenvolvimento aumentado de bactérias e
fungos que fazem parte da microbiota.
10. FEZES
A amostra de fezes deve ser coletada em recipiente
adequado, devidamente identificado. A mesma pode ser dissolvida
em solução fisiológica. Solicitar três
amostras de fezes em dias diferentes.
As amostras de fezes têm validade de até duas horas
após a coleta a temperatura ambiente, para serem processadas
o mais rápido possível.
As amostras de fezes enviadas ao laboratório no final do
dia são inadequadas por apresentarem um desenvolvimento aumentado
de bactérias e fungos que fazem parte da microbiota.
As amostras de fezes coletadas em recipientes contendo formol são
inadequadas para o exame, em especial para a cultura, devido à
propriedade antifúngica do formol.
11. ESCARRO
Preferencialmente deve ser colhido por broncoscopia:
lavado ou aspirado brônquico. Quando não for possível,
o escarro deve ser colhido da mesma maneira como é colhido
para o exame de tuberculose, não esquecendo da higiene da
boca antes da coleta, para diminuir a contaminação
pelos saprófitas da cavidade bucal e da faringe.
O escarro deve ser colhido de tosse profunda pela manhã,
logo após o paciente despertar. O material deve ser coletado
em recipiente de boca larga ou placa de Petri estéreis, devidamente
identificados.
Solicitar três amostras em dias diferentes.
O exame de escarro, tanto o direto como a cultura, na maioria das
vezes não é satisfatório, porque não
é confiável, já que é uma amostra muito
contaminada. Portanto, quando houver a possibilidade do exame sorológico,
deve-se optar pelo último.
As amostras de 24h (vinte e quatro horas) e as que foram coletadas
em recipientes não esterilizados são inadequadas.
12. SANGUE
O paciente deve suspender o uso de qualquer
medicamento antifúngico oral por 20 (vinte) dias. O paciente
deve estar em jejum por 12h (doze horas).
Deve ser feito assepsia antes da coleta, sendo a amostra obtida
por punção sangüínea.
Deve-se coletar 3 - 5ml de sangue e depositar em tubo de ensaio
esterilizado contendo EDTA 1%. A proporção utilizada
é 0,1ml de EDTA 1% para cada 1ml de sangue.
Fazer estiraço sanguíneo.
Aquelas coletadas em tubo de ensaio não esterilizadas ou
sem anticoagulante.
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